29 maio, 2013

ESPÍRITO DE JUSCELINO KUBITSCHEK (JK) SE COMUNICA

A seguir, para relembrar um dos grandes brasileiros de todos os tempos, trazemos uma comunicação do espírito de Juscelino Kubitschek de Oliveira, o JK. antes das eleições presidenciais de 1989 e, mais abaixo, uma descrição da Colônia Espiritual dos Velhos Patriotas que abriga espíritos de ilustres brasileiros de outrora.
Extraído do Livro: Driblando a dor. Espírito Luiz Sérgio
Conversando, ele nos levou até um auditório, onde uma figura brasileira muito querida ia iniciar uma palestra e, sabendo Kacá que nós gostamos muito dele, para lá nos encaminhou. Eu esperava ansiosamente por sua presença e, no momento determinado, ele apareceu. (Possivelmente JK, nota do formatador do email e não contida na obra)
- Queridos amigos. Quando o meu nome surgiu neste painel, vol­tou-me à lembrança o passado de lutas, e acreditei que Deus é que escreve a verdadeira história do homem, pois só Ele conhece o seu interior. Sou um homem que lutou por um ideal e que contou com grandes amigos. Como cidadão, brasileiro e homem público, acreditei na justiça de Deus, na intimidade de minha fé. Graças a ela hoje aqui me encontro na Colônia dos Velhos Patriotas, ainda lutando por minha Pátria.
Guardo na lembrança a força do homem, obra divina, quando precisei de seus braços para concretizar um sonho (Brasília???). Às vezes, o travesseiro era o único companheiro das minhas noites de insônia, dado o acúmulo de preocupações.
Porém, ao presenciar a luta do homem levando o progresso até o chão ressequido, sentia que Deus reservara um plano para mim e que eu precisava realizá-lo, mesmo contra a vontade de inúmeras pessoas.
As vitórias foram maiores do que os ataques, e vimos surgir no Planalto Central, Brasília, a capital do Brasil. Os radicais; porém, ainda insistiam em manter acesa uma chama que já não resplandecia, mas apenas bruxuleava. Não aceitavam o progres­so do Brasil. Ao fechar o grande portão de ferro do Palácio do Catete, vimos também fechar um trecho da história da pátria e viramos a página da História do Brasil.
Hoje, quando ainda nos defrontamos com a dureza do coração humano, fico preocupado com o País. Mesmo que ele permaneça firme, como gigante que é, os homens têm como dever não passar por ele em vão. O povo espera por dias melhores e um homem público não pode decepcionar o povo, principalmente se esse mesmo povo depositou nele as suas esperanças.
O poder muitas vezes tolhe a liberdade do político, mas ele, quando possui a nação plasmada em seu espírito, voa até os seus patrícios, não importando quem seja, apenas estendendo a mão num gesto de patriotismo. É decepcionante ver um homem que convidado foi a servir à sua pátria fracassar por incompetência.
Na Colônia dos Velhos Patriotas reencontramos vários amigos e companheiros de ideal, mas também nos defrontamos com ferrenhos adversários que hoje, longe da matéria física, ainda guardam na lembrança as injustiças do ataque, por não comungarem dos nossos ideais. Mesmo assim, unidos estão os por um só objetivo: o crescimento espiritual do nosso País.
Esperamos que cada brasileiro no dia quinze de novembro, ao marcar o “x” na cédula, o faça consciente de que não só está cumprindo com um dever cívico como, antes de tudo, coope­rando para a liberdade, a paz e a prosperidade do País.
Não venha o homem encarnado a colocar sobre os próprios ombros a cruz pesada do remorso; a escolha se fará, e esta Colônia ora para que todos os eleitores, políticos, governantes, tenham, acima de tudo, amor ao Brasil. Que os falsos políti­cos não possuam o comportamento do mata-pau, sugando a nação, tiran­do-lhe o viço da prosperidade.
Ao assumir um cargo público, deve o homem ter em mente, antes de mais nada, desarmar os espíritos, de forma a poder assegurar um clima de integral liberdade para todos, liberdade esta que deve ser capaz de constituir a súmula dos ideais humanos.
Um país não pode ser livre com uma população faminta, doente e vítima do desespero. Um país só é verdadeiramente rico e livre se o seu povo for feliz, e o Brasil, sendo o escolhido, tem de tudo para alçar vôo, só precisando, para isso, que os parasitas o deixem ‘livre.
Aproximam -se as eleições e desta Colônia espiritual partem caravanas de socorro, tendo Ismael como guia. Sabemos do entusiasmo pelo pleito, pois todos esperam ardentemente por isso, quando a vontade do povo irá ser manifestada livremente, e que os eleitos, quer da direita, do centro ou da esquerda, serão empossados.
Queira Deus que as esperanças do povo transformem-se, de fato, em realidade. Entretanto, as massas estão politizadas, mas precisando ainda ser educadas para a compreensão da realidade nacional.
Aceitam muitos, com ingenuidade, a argumentação capciosa: casa própria para todos, maior salário-mínimo, reforma agrária, restrições ao capital estrangeiro. Amassa ainda acredita nas promessas e isso nos preocupa, porque o eleitor não busca o homem, a sua bagagem política, o seu caráter, mas temos fé de que o povo sofrido sorrirá, que os hospitais não terão filas, que as marq uises não serão o lar das crianças carentes, que a fome se distanciará do nosso povo, que em cada coração brasileiro brilhará a luz da felicidade.
Para isso estamos trabalhando, e acreditamos que Deus irá nos ajudar, confiante de que a Pátria do Evangelho surgirá das terras brasileiras. Acreditamos que o povo saberá escolher. O País espera pela participação de cada brasileiro.
Daqui diviso a capital do País. Brasília é uma cidade diferente, edificada num cenário que lembra a paisagem espiritual, digna portanto da audácia dos seus arquitetos, dos candangos, enfim, dos seus construtores. Brasília é um cântico de amor; nela, tudo se transforma em alvorada e, de braços abertos, ela espera o futuro.
Estamos em setembro, louvando a data nacional e recordando de muitas outras em que o pavilhão nacional era beijado pela brisa da capital do Paí.s. Criança ainda, Brasília viveu a emoção de receber um presidente eleito pelo povo e, menina ainda, apenas engatinhando, foi palco de fatos que ficaram gravados em sua História. O mês de setembro é muito marcante em minha vida, devido ao meu nascimento (JK Diamantina-MG, em 12.09.1902), as datas como a de dezoito e trinta de setembro e muitas outras hoje estão vivas em minhas lembranças.
Brasília foi crescendo, crescendo, crescendo. Hoje já é uma mulher independente e livre e logo ir& abrigar o escolhido do povo, queira Deus seja d’Ele também. E que todos nós estejamos segurando bem forte a bandeira de Ismael para que possa operar na nossa terra levando sempre a paz.
Tenho fé nos meus patrícios como um dia tive fé em mim mesmo, quando cheguei a bordo de um DC-3, desembarquei no chão vazio – o Planalto Central- e construí no cerrado a capital do Brasil. No dia vinte e um de abril de mil novecentos e sessenta – três anos e cinco meses depois, a cidade estava inaugurada.
O novo Presidente do País não vai encontrar as dificuldades de ontem, a poeira não castiga mais as ruas todas asfaltadas, hoje Brasília é uma bela e fulgurante realidade. Queira Deus continue pura e nada venha a destruir sua beleza. Que dos seus Ministérios possam sair as decisões mais acerta­das e jamais em um deles seja praticada uma injustiça sequer.
Seja quem for o eleito, estamos vibrando pela paz do Brasil, pedindo a Deus que esse escolhido mantenha coesa a unidade nacional.
Agradeço do fundo do coração a todos os trabalhadores brasileiros de todas as categorias, às quais me sinto indissoluvelmente ligado. Estarei sempre ao lado de cada um deles, participando das suas alegrias e das suas lidas, orando pelas suas vitórias. Um abraço a todos os patriotas que aqui se encontram e que a vibração divina chegue até o plano físico. O meu eterno agradecimento ao nosso povo simples e bondoso, que sempre se recorda deste servo de Jesus com saudade e respeito. Um candango.
JK 1989
ISMAEL EOS VELHOS PATRIOTAS
Encontrando-me na Colônia dos Velhos Patriotas, sentia-me tão feliz que a tudo examinava enlevado: os canteiros floridos, as palmeiras, as cascatas de águas cristalinas; em cada edifício tremulava a bandeira da paz. Curvei-me diante delas, almejando que na terra elas também enfeitem todas as sedes de governo. Pedi ao Enoque para entrarmos em certo edifício, e logo estávamos admirando as tapeçarias de pano branco, verde e azul celeste, pendentes de cordões de linho fino e púrpura e argolas de prata, e as colunas de mármore. Esse prédio é um dos imensos ministérios de socorro espiritual à nossa Pátria. Muitos espíritos estavam ali trabalhan­do.
-Sempre há esse movimento, Enoque’?
-Aproxima-se a eleição brasileira, por isso esses irmãos estão assim atarefados. Eles mantêm na crosta da Terra equipes de abnegados espíritos de políticos que intuem e ajudam os candidatos dignos.
Era um vaivém muito disciplinado. Deixamos o interior do prédio e alcançamos o jardim, onde uma imensa estrela formada de grama trazia no centro a palavra” paz” .
-Agora, disse-nos Enoque, vamos conhecer os arredores da Colônia.
Assim o fizemos. Na Colônia dos Velhos Patriotas, os seus arredores são compostos de casas-escolas e pequenos hospitais que prestam auxílio aos políticos. Ao ver as casas abrigando espíritos velhos e doentes, sob o amparo de abnegados enfermeiros, perguntei:
-o mau político não vai para o umbral?
- No mundo espiritual não há privilégios. Antes de ser político, o homem é um espírito e, como tal, se ultrapassar as leis de Deus, terá de pagar. Assim como existem os departamentos da arte ou da música em outras colônias, existe esta Colônia dos Velhos Patriotas. Prestem atenção: a Colônia não tem o nome de grandes políticos, porque aqui é abrigado desde o vereador humilde até os grandes presidentes; todos recebem o mesmo auxílio, conforme o seu merecimento. Se lesarem o povo, sofrerão as conseqüências. Esta Colônia sempre esteve e estará aberta para abrigar todos os que se propuseram a servir à Pátria, mesmo os falidos.
Nisso, aproximou-se de nós a irmã Maria, que carinhosamente nos levou até os hospitais. Lá, defrontamo-nos com muitos irmãos bem de­mentados, ainda ostentando os gestos de um político. O humilde hospital continha somente dez leitos. O aposento maior reservaram ao auditório, onde muitos, naquele momento, recebiam aula de evangelização. Nós participamos dela e me emocionei quando a figura de um grande brasileiro cumprimentou a todos e iniciou a preleção:
-”Prezados irmãos, companheiros de caminhada evolutiva, Deus, sublime Arquiteto do Universo,condensou os fluidos mais puros e criou o corpo e a este logo soprou, dando vida à forma. Estávamos criados. Porque o Senhor Deus formou, pois, o homem do barro da terra e soprou no seu rosto um sopro de vida e o homem tornou-se espírito, pessoa vivente (Gênesis, Capítulo 11, versículo 7). Portanto, o homem só é importante porque foi criado por Deus, que é uno, indivisível e eterno.
Cada ser, ao receber o livre-arbítrio, recebeu também a consciência e, junto com ela, o plano de Deus: evoluir. Aquele que recebe a tarefa de liderança tem por obrigação dar bons exemplos. Um homem público precisa policiar-se para não levar ao seu próximo algo pernicioso. Sofrer, morrer por um ideal é dever desse homem, se ele recebeu de Deus a tarefa de levar o progresso à sua Pátria. Quem deseja aplausos na vida pública deve antes consultar a sua consciência e ver se de verdade já está apto a renunciar em prol do crescimento do seu país. Não existem cargos políticos, existem responsa­bilidades políticas, e ai daquele que fracassa. O humilde vereador é respeitado se ele faz do seu mandato um sacerdócio longe dos bens temporais, porquanto o ideal de um homem é medidoo pela grandeza das suas ações.
Quem se abraça à bandeira do seu país tudo deve fazer para honrá-la; os vales de sofrimento estão repletos de políticos que enganaram o povo, lesaram a nação e abusaram do poder.
Aqui vimos para receber no hospital-escola um tratamento especial com Jesus, o Maior dos médicos, almejando que os queridos companheiros estejam em breve tempo junto às nossas equipes de ajuda ao momento brasileiro, quando a nossa Nação irá escolher um novo presidente; queira Deus seja aquele que irá plantar a semente do Evangelho de Jesus.
Sei que os irmãos se sentem impotentes, mas, à medida que vamos vivendo como espíritos, vamos adquirindo o conhecimento de nós mesmos. A” morte” é a parada obrigatória, que nos dá grande oportunidade de reflexão sobre o que fizemos, ou o que deixa­mos de fazer, levados pela sede de poder. Deus espera que cada filho cumpra com seu dever.
O homem público recebeu de Deus o cajado da responsabilidade, o qual terá de devolver florido de obras de amor. Aceitem o orvalho de Maria, a brisa de Jesus e o perfume de Deus e se sentirão curados, aptos para o’trabalho que os espera. Sejam benvindos.”
Os meus olhos não só marejaram-se de lágrimas como o meu coração sussurrou baixinho: “obrigado, meu Deus”.
Aquela bela figura foi-se retirando. Olhei-o com respeito e desejei que progredissem em espírito aqueles homens públicos que ali se encontravam internados na Colônia dos Velhos Patriotas. Uns ainda conservavam o ar autoritário, outros, bem humildes, choraram de emoção por ter ouvido o querido amigo.
Irmã Maria perguntou se gostaríamos de visitar outros hospitais. Sadu agradeceu, preferindo as pequenas casas. Ela se despediu sorridente. Um irmão encarregou-se de nos levar até lá, Felipe, o seu nome. Muito simpático, mas caladão, em todo o trajeto nenhuma palavra nos dirigiu. Eu estava louco para lhe fazer perguntas, mas me contive. Quando chegamos, ele se despediu, mas antes nos apresentou Ana. Ela, muito simpática e cortês, convidou-nos a entrar. Examinei a casa, muito simples:
a sala era rodeada de estantes repletas de livros. Ana falou: ‘
- Estava aqui esperando por vocês, sejam bem-vindos. Esta casa é habitada por políticos que já se encontram em trabalho na terra; alguns passam o maior tempo aqui, os que possuem família em outras colônias as visitam sempre. Nestas casas eles estudam e prestam auxílio ao País. Neste instante em que se aproxima a escolha de um novo presidente, esta Colônia vem esmerando-se no trabalho para que os irmãos se respeitem e que a bandeira brasileira tremule sobre a cabeça do escolhido.
-Vocês já sabem quem vai ganhar? -Não, mas o plano de Deus recaiu sobre alguém que beijou a poeira do País, abraçou o leme do navio e gritou: liberdade. Mas a cada brasileiro Deus ofertou uma cédula em branco; está nas mãos na Nação o seu governante. Nós não podemos influir na decisão do povo, temos de orar para que o escolhido dos homens seja o mesmo escolhido por Deus. Um dia, Jesus, o Governador da Terra, se fez homem, mas o povo não O aceitou e gritou: Barrabás! e até hoje estam os pagando por essa escolha. Pedimos ao Senhor que o povo brasileiro faça uma boa escolha, nossa Pátria querida foi escolhida para tornar-se a “Pátria do Evangelho, o coração do mundo, o celeiro da humanidade” 1. Mas se Deus ofertou a Terra, também ofertou ao homem o direito de escolher seus governantes terrenos.
-Irmã, perguntei, é justo o País sofrer por causa de uma escolha mal feita ao votar?
- A atmosfera de um país é formada pelos fluidos dos seus habitan­tes; se nós só assimilarmos fluidos negativos, atrairemos contendas, lágri­mas e tristeza, apreensões e desespero
Quando Ana nos fornecia exemplos, chegaram dois irmãos que, muito gentis, nos cumprimentaram.
Ali ficamos conversando com eles e concluímos que o político vem à terra em missão e aquele que não está registrado no plano divino com essa tarefa poderá ser eleito, mas terá breve ­vida política. É algo que vem de vidas e mais vidas sucessivas, mesmo que em muitas delas tenha fracassado como político.
Francisco e Mário pron­tamente iam-nos elucidando sobre a vida na Colônia, todavia pareciam preocupados. E eu lhes perguntei:
-o Brasil corre o risco de perder o prêmio dado por Deus de tornar-se a Pátria do Evangelho?
(1) N.E. – Refere-se ao livro “Brasil, Coão do Mundo, Pátria do Evangelho”, escrito por Humberto de Campos e psicografado por Francisco Cândido Xavier, editado pela FEB.
-Sim. Se o País não fizer jus à escolha, o templo divino se deslocará para outra pátria, onde a dignidade e o amor devem reinar.
-Mas não é mais fácil desencarnar os que não a respeitam, do que o país ser sacrificado?
-As religiões que ensinam o homem a ser bom estão cooperando para o progresso espiritual do Brasil. Ismael, com sua falange de luz, ora a Deus para que o Brasil não deixe passar em vão a oportunidade de crescimento, e seja a Terra da redenção.
-Irmão, falou Samita, como pode o Brasil tornar-se a Pátria do Evangelho quando nos defrontamos com a pobreza, o vício, a prostituição, os seqüestros, assassinatos e roubos, enfim, com a violência imperando?
-Tem razão, Samita, hoje o Brasil atravessa momentos dramáticos.
A família está ameaçada, a moral se dissipa diante do modernismo; mas mesmo assim as esperanças de Ismael são imensas, ele acredita que a Estrela-Mãe brilhará sobre o Brasil. Estamos chegando ao clímax da falta de moral, recordando mesmo Sodoma e Gomorra, mas não nos esqueça­mos de que o corpo, não sendo imortal, não suporta a violência, explode; então o espírito, vendo-se desnudo, curva-se diante da verdade e, repleto de remorso, procura a redenção.
-Irmão, dia a dia aumenta a miséria, em cada ruela defrontamo-n.os com irmãos em completo abandono, comentou Enoque.
- NA medida que o homem transforma o seu interior para melhor, ele olha o seu semelhante, e quando isso acontecer amplamente não mais veremos tais criaturas tão infelizez
Disse-me Francisco:
-. Muitos julgam que seremos uma grande potência. Jamais o Brasil terá o direito de escravizar outros povos. Ele crescerá com Deus. Seremos a Canaã prometida, alimentando o mundo, mas um país sem palácios e sem miséria.
-Então não teremos uma moeda forte? O nosso Cruzad02 não será uma moeda universal? perguntei.
- Não é esse o crescimento previsto por Deus, trata-se do cresci­mento espiritual. O Brasil terá de se transformar num jardim divino, de onde remeteremos os fluidos salutares para todo o mundo, principalmente para as regiões onde o ódio do homem causou destruição. Os espíritas têm por obrigação pregar a mensagem divina através de exemplos. Não impor­ta se lá fora a falta de moral se alastra, se o homem mata o homem; o que importa é que nós cremos em Deus e estamos lutando por uma Pátria renovada. Os homens passam, mas o País permanece, esperando pelos seus verdadeiros filhos. Desejo convidá-los para assistir na Praça da República à oração pelo Brasil.
-Agradeço, irmão, e até mais ver.
Despediram-se e nós demos em retirada. Perguntei: -E agora, Enoque, para onde vamos?
-Quem desejar conhecer a Colônia pode fazê-Io, eu terei de me reunir com outros caravaneiros no Departamento do Trabalho, mas vocês podem percorrer a Colônia. Até já.
-A que horas é a prece? perguntei.
-Às dezoito horas, na Praça da República.
Samita, Sadu e Carlos ficaram conversando na pracinha em frente à casa. Eu e Karina buscamos os arredores da Colônia. Algo me chamou a atenção: de um certo edifício partiam caravanas de socorro para a terra. Interpelamos um irmão que participava de uma delas e indaguei:
-Para onde vão? Ele me respondeu:
(2) N.E. -Ao tempo da psicografia que se constitui neste volume, ainda era o Cruzado a moeda corrente do Brasi 1.
- Para a terra. Hoje ocorrerão vários comícios e nós estamos encarregados de proteger aqueles que só desejam louvar seus candidatos.
-Coitados … falei sem sentir.
-Coitados, por quê? retrucou Karina. Você acha que ser babá de viciado é melhor do que proteger fanático político?
-É mesmo, Karina, não sei o que é pior.
-Os dois são dignos trabalhos de socorro, no entanto, este momento político é curto, enquanto que o nosso é uma batalha que parece sem fim.
- Acho que não, falou Karina. As campanhas terminam, mas creio que Ismael sempre desloca os seus auxiliares para ajudar os políticos sérios. Tenho certeza de que isso acontece, caso contrário, o que seria do querido povo brasileiro?
A Colônia era linda, muito linda. Toda a sua vegetação nos oferecia a fragrância das rosas. Os pátios imensos davam seqüência às galerias, aos jardins, às fontes. Enfim, olhando o refúgio dos patriotas, pensei: “coitado daquele que brinca com um mandato político”.
Assim, conhecemos a Colonia dos Velhos Patriotas e, como já se aproximava a hora da prece, seguimos para o local indicado, a Praça da República. As músicas me emocionaram bastante; muitas delas eram orquestradas, mas quando tocou “Brasil, Pátria do Evangelho” , o meu corpo balançou de emoção. Brasil, Brasil querido, estás guardado no coração de Jesus. A praça já estava quase repleta. Fiquei observando o velho edifício, cuja construção é belíssima. À sua frente, em tamanho natural, erguiam-se estátuas de grandes vultos da nossa História. À medida que as músicas eram cantadas, as estátuas iam recebendo uma chuva de flores. No chão, adornado com a flor amor-perfeito, lia-se: “Sete de Setembro” .
Eu vivia uma emoção incalculável. Estávamos ali, orando pelo Brasil. Ainda procurei as estátuas dos grandes patriotas e a figura de Tiradentes me emocionou profundamente, não só a dele, mas também a de D. Pedro II, o querido Imperador do Brasil. Alisei esta última estátua e falei:
-O Brasil lhe pertence, Velho Patriota, estaremos orando para que o pavilhão nacional lhe volte às mãos, e gritei: liberdade, liberdade, Pátria amada.
Nisso, pararam as músicas e um clarim tocou, emocionando a todos.
Uma claridade se fez na estátua de D. Pedro II e depois percorreu outras figuras, que estão cumprindo suas tarefas reencarnatórias; alguns políticos brasileiros, que ontem compuseram a História, hoje labutam nos meios políticos, acertando e errando, mas recebendo do Mais Alto vibrações de amor.
A voz de Ismael se fez ouvir:
-Sejamos benditos, filhos do Nosso Pai. Sejamos dignos irmãos, respeitando a terra-mãe, como Jesus. O domínio sobre um país está nas mãos de Deus, e é Ele que a seu tempo suscitará um governador útil (Eclesiástico, Capo X, vA); Não há coisa mais injusta do que amar o dinheiro porque um tal homem vende até sua mesma alma, pois que se despojou em vida das próprias entranhas (Eclesiástico, Capo X, v.l0); Deus destruiu o trono dos príncipes soberbos e em seu lugar colocou os humildes (Eclesiástico, Capo X, v.l?).
Quanta grandeza encontramos nas Escrituras!
Nelas está contido o chamado do homem ao dever. Se ele ouvisse as palavras de Deus, hoje a Terra não estaria vivendo época tão violenta, onde irmãos matam sem piedade uns aos outros, onde as guerras fazem vítimas, tudo porque o homem ainda desconhece Deus.
E Ele, por amor à Sua família, perdoa, ofertando oportunidades de regeneração. Mesmo assim, o ódio, a injustiça, a pobreza, a fome, as doenças, os vícios e os crimes se alastram, contaminando o chão e fazendo nascer a dor e o desespero.
Nós precisamos vibrar pelo Planeta, para que nele reine a paz, não esquecendo que em cada ponto existe uma bandeira demarcando um país, e a do Brasil está brilhando de luz, as suas cores se destacam, simbolizando as riquezas do seu solo; mas ao buscar a ordem e o progresso percebemos que eles quase se apagam diante do fanatismo de alguns irmãos que, negligenciando o patriotismo, jogam deslealmente com os seus compatriotas, sem lembrar que pátria feliz é aquela onde todos vivem em paz. Estamos apreensivos, o País caminha para algumas reformas; queira Deus que sejain elas previstas por Ele; que o homem não atrase o crescimento do País; que nós, que nos propusemos a ajudar o Senhor na transformação da Terra, estejamos aptos a agir sem preferências partidá­rias, apenas cumprindo com o dever de brasileiros, que desejam que o País seja o Coração do mundo. Temos de orar muito para que a nossa Pátria não se vista de negro para ocultar as deformações das injustiças. O plano de Deus um dia se fará, e· queira Ele que ninguém tenha retardado esse momento, pois sentirá o ranger de dentes por ter feito um borrão nas páginas da História.
Defrontamo-nos com momentos difíceis, quando as nossas Casas religiosas têm por obrigação fazer brilhar a espada de Jesus, recordando a cada mortal que a pátria é a universal, que nós somos apenas soldados alojados no batalhão brasileiro; cabe a nós defender os projetos divinos referentes ao crescimento do Brasil.
Unidos estaremos, junto aos políticos, orientando-os para que sejam mais patriotas e que a verdade faça brilhar na bandeira uma bela canção de esperança. O País há muito vem sendo preparado, mas o homem orgulhoso esmaga as sementes da paz, que abnegados Ministros de Deus tentam germinar nessas terras.
Não podemos forçar o homem a aceitar a glória, mas como fiéis discípulos de Jesus, devemos incentivá-Io a cultivar na terra o Seu Evangelho de paz. O poder é uma tiara dourada, cuja luz cega o homem sem humildade, fazendo-o presa fácil e o levando a cometer injustiça sobre injustiça.
Mas nós, os servos de Deus, temos de acreditar nos homens e no seu amor à Pátria, pois sabemos que receberam do Governador a incumbência de torná-la Pátria Universal.
Se hoje os vícios, a imoralidade, a maldade, o orgulho crescem diante dos nossos olhos, também vemos Jesus fazendo descer sobre o Brasil a Sua falange de luz. O tempo para nós não conta, só esperamos que os brasileiros se conscientizem na boa escolha, porque o plano de Deus é imutável. Quem, por direito, receber a incumbência de dar à Pátria o que ela há tanto espera, que essas mãos iluminadas levantem o gigante ador­mecido, que vem a ser as reservas ecológicas brasileiras, escondidas no solo pátrio à espera de quem possa fazê-las progredir.
Neste instante, a paz entre os irmãos é a nossa meta de trabalho. Conscientizaremos o povo a amar a liberdade, mas a liberdade ofertada por Deus. Bem-aventurados aqueles que lavam as suas vestiduras no sangue do Cordeiro, para que tenham direito à árvore da vida, e possam entrar na cidade pelas portas. Ficarão de fora os cães e os feiticeiros, e os que se prostituem, e os homicidas, e os idólatras, e qualquer que ama e comete a mentira (Apo­calipse, Capo XXll, vV. 14 e.15).
Sabemos nós que a luta é grande, mas Jesus estará junto à Humanidade tudo fazendo pela transformação da Terra. Não podemos deixar de mencionar os versículos 19 e 20 constantes do Capítulo XIX do Apocalipse:
Eu vi a besta, e os reis da terra, e os seus exércitos reunidos, para fazerem guerra àquele que estava assentado sobre o cavalo, e ao seu exército. E a besta foi presa, e com ela o falso profeta, que diante dela fizera os sinais, com que enganou os que recebe­ram o sinal da besta, e adoraram a sua imagem …
Jesus é o cavaleiro da paz; se alguém, não obstante as dores e as predições, quiser continuar no mal, que continue. Deus o deixaagir, mas o desespero será terrível. O plano de Deus não se deterá diante da conduta do homem, seja ele quem for.
Serão afastados todos aqueles que, de alguma forma, tiverem agido contra a lei divina, para os quais não haverá prêmio e gozo, pois serão lançados na segunda morte, na infelicidade, pelo remorso de não ter escolhido o caminho da redenção.
Deus nos ofertou a glória do trabalho, e Jesus nos ensinou como orar. Nesta Colônia protetora do Brasil, nós todos pedimos ao Senhor que a Pátria só irradie fluidos benéficos para outras pátrias irmãs; que do seu solo abençoado possa surgir o abastecimento mundial; que Jesus, no Seu cavalo branco irradiando luz, possa nos ajudar a levar ao homem a certeza de que os bens temporais e o poder se dissipam com o tempo, mas a dignidade do ser cresce à medida que ele se toma humilde. Oremos pela paz mundial e pelo crescimento evangélico do Brasil, para que todo o seu povo expulse a besta do Apocalipse, conscientizando-se de que só o Cristo é a salvação.
Quando a voz de Ismael silenciou, cantamos todos esta canção:
“Brasil, terra amada,
Coração do mundo
Ainda não explorado
Por um amor profundo.
Brasil, Pátria do Evangelho, Acreditamos em ti,
O pavilhão verde amarelo Ao teu povo sorri.
Das tuas matas hospitaleiras Vemos surgir a esperança Bendita terra brasileira
Um dia a paz te alcança.
E agora, Cristo Senhor, Ensina-nos a trabalhar Nestas belas paisagens
Sê uma bandeira no ar.
Celeiro da humanidade, Tuas fontes cintilantes Banham as tuas cidades Dessedentando o viajante.
Pátria amada,
Gentil mãe,
Serás logo respeitada, És uma grande Nação.
Jesus, o Governador,
Nós, os vassalos submissos, Ele é o nosso Senhor Dando-nos sempre serviço.”
Todos na praça ainda permaneceram imóveis, orando muito pela paz mundial e pela transformação do Brasil, não uma transformação dura, mas uma transformação divina; todos nós oramos para que o plano de Deus se concretize. Se nós preferirmos Barrabás, existirá sobre a nossa Pátria muita lágrima.
E assim a praça se esvaziou.
-E agora, amigo, para onde vamos? perguntei ao Enoque. Ele me sorriu.
-Como está-se sentindo?
-Não existe no meu vocabulário uma palavra que signifique o agradecimento por tudo o que venho recebendo de Deus. Só espero ser digno de tanta bondade.
-o que achou de Ismael?
-Confesso que sua luz me cegou; não o vi claramente, somente o escutei. Também, não fiz força. Senti-me um verme diante de tanto esplendor.
Assim, fomos andando até uma outra ala da Colônia, e lá fomos muito bem recebidos pelo nosso Kacá, muito conhecido através dos livros espíritas.
- o senhor acredita mesmo que o Brasil será uma grande nação? indaguei.
- Sim, no dia em que desencarnarem todos os maus brasileiros. Naquela praça, a voz de um grande homem dava a todos nós uma bela demonstração de amor. Desejei falar-lhe, mas nesses momentos torna-se difícil. Como você pode notar, leitor amigo, os patriotas estão atentos aos últimos acontecimentos e torcendo pela paz do País. Acerquei­me de Enoque e disse:
-Obrigado, muito obrigado por ter-me trazido aqui; da primeira vez que aqui vim, nem imaginei que esta Colônia fosse um ministério da defesa brasileira. Gostaria de conhecê-la melhor.
E assim, fomos visitando tudo: prédios imensos, bosques, praças, biblioteca, galeria, enfim, percorremos o belo lugar. Sadu pergurtou ao nosso cicerone:
- O que são aqueles edifícios? Parecem quartéis.
-E são mesmo quartéis.
-O quê? Quartéis? indaguei.
-Sim, sem fardas e sem armas.
-Então o militar que desencarna vem para cá?
-Sim, aqueles que não traíram a Pátria e não foram contra as leis de Deus. Somente os simples e bons desembarcam nesta Colônia. Aqui são alojados todos os que na terra lutaram em defesa da pátria. Só vêm trabalhar aqueles que vestiram a túnica da humildade. Todos os países possuem a sua guarda espiritual.,graças a ela, o nosso País vive em paz’, e queira Deus que os brasileiros continuem pacíficos.
-É mesmo, nem pensei nisso, se existe o departamento da arte, havia de ter o da defesa também.
Parei, emocionado, diante da bandeira da paz, coloquei a mão no peito.
A massa ainda acredita nas promessas e isso nos preocupa, porque o eleitor não busca o homem, a sua bagagem política, o seu caráter, mas temos fé de que o povo sofrido sorrirá, que os hospitais não terão filas, que as marquises não serão o lar das crianças carentes, que a fome se distanciará do nosso povo, que em cada coração brasileiro brilhará a luz da felicidade. Para isso estam os trabalhando, e acreditamos que Deus irá nos ajudar, confiante de que a Pátria do Evangelho surgirá das terras brasileiras. Acreditamos que o povo saberá escolher. O País espera pela participação de cada brasileiro. Daqui diviso a capital do País. Brasília é uma cidade diferente, edificada num cenário que lembra a paisagem espiritual, digna portanto da audácia dos seus arquitetos, dos candangos, enfim, dos seus construtores. Brasília é um cântico de amor; nela, tudo se transforma em alvorada e, de braços abertos, ela espera o futuro. Estamos em setembro, louvando a data nacional e recordando de muitas outras em que o pavilhão nacional era beijado pela brisa da capital do Paí~. Criança ainda, Brasília viveu a emoção de receber um presidente eleito pelo povo e, menina ainda, apenas engatinhando, foi palco de fatos que ficaram gravados em sua História. O mês de setembro é muito marcante em minha vida, devido ao meu nascimento, as datas como a de dezoito e trinta de setembro e muitas outras hoje estão vivas em minhas lembranças.
Brasília foi crescendo, crescendo, crescendo. Hoje já é uma mulher independente e livre e logo ir& abrigar o escolhido do povo, queira Deus seja d’Ele também. E que todos nós estejamos segurando bem forte a bandeira de Ismael para que possa operar na nossa terra levando sempre a paz. Tenho fé nos meus patrícios como um dia tive fé em mim mesmo, quando cheguei a bordo de um DC-3, desembarquei no chão vazio – o Planalto Central- e construi no cerrado a capital do Brasil. No dia vinte e um de abril de mil novecentos e sessenta – três anos e cinco meses depois, a cidade estava inaugurada. O novo Presidente do País não vai encontrar as dificuldades de ontem, a poeira não castiga mais as ruas todas asfaltadas, hoje Brasília é uma bela e fulgurante realidade. Queira Deus continue pura e nada venha a destruir sua beleza. Que dos seus Ministérios possam sair as decisões mais acerta­das e jamais em um deles seja praticada uma injustiça sequer. Seja quem for o eleito, estamos vibrando pela paz do Brasil, pedindo a Deus que esse escolhido mantenha coesa a unidade nacional. Agradeço do fundo do coração a todos os trabalhadores brasileiros de todas as categorias, às quais me sinto indissoluvelmente ligado. Estarei sempre ao lado de cada um deles, participando das suas alegrias e das suas lidas, orando pelas suas vitórias. Um abraço a todos os patriotas que aqui se encontram e que a vibração divina chegue até o plano físico. O meu eterno agradecimento ao nosso povo simples e bondoso, que sempre se recorda deste servo de Jesus com saudade e respeito. Um candango.
Parei, emocionado, diante da bandeira da paz, coloquei a mão no peito e cantei o Hino Nacional. Quando parei, todos choravam de emoção, pois as flores do jardim em forma da bandeira nacional recebiam uma vibrante luz amarela em espetáculo radioso.
É uma bela Colônia e muito simpática para todos nós. Sara pergun-
tou:
-Os maus políticos e militares voltam para casa?
-Não. Quem não exerce bem sua profissão, ao rasgar a carteira de
identidade do plano físico, também perde o emprego. Quem não dignificar a sua profissão perde-lá-a, e não é fácil retomar para nós.
-É muito justo, respondi.
Assim, fomos saindo dali. Enoque e Samita dirigiram-se ao Templo da Paz, de onde receberam as elucidações de Ismael, agradecendo a nossa estada ali. Ficamos na Praça da República, e não sei por que senti um amor imenso por D. Pedro II, e pensei: “ninguém tira do homem o que de fato lhe pertence”. Em seguida, Enoque e Samita juntaram-se a nós e assim ganhamos as alamedas daquele belo lugar. Quando ultrapassamos o por­tão, perguntei:
-Para onde vamos agora?
-Para casa.
-Verdade?
-Sim. Só precisamos reencontrar os outros.
-É mesmo, pena que a Lílian não pôde vir, mas um dia ela chega
lá.
Passamos pelo posto trinta e dois e lá tomamos passes e reencontra­mos palári03, que me perguntou:
(3) N.E. – Ver O Vôo Mais Alto, 7Q livro da Série Luiz Sérgio.
-Como foi o aprendizado?
-Meu Deus, nem tenho palavras para agradecer. Diga, por favor, a todos os encarregados do meu crescimento espiritual que lhes sou grato, muito grato, por tudo, e que estarei esperando por novos trabalhos.
-É isso, Luiz Sérgio. O servidor é aquele que se mantém sempre vigilante ao chamado. Agora vamos até a Faculdade de Maria.
E assim o fizemos. Logo estávamos no belo anfiteatro da Faculdade, onde a música tocava serenamente. O perfume de jasmim era o mesmo de sempre. Voltei a olhar as paredes, elas me pareceram fluídicas, a tonalidade azul celeste estava aihda mais transparente. A cadeira duzentos e trinta e três me abrigou novamente, agora estava mais tranqüilo e ela não me rejeitou. Sentei-me e orei baixinho, depois olhei todas aquelas fisionomias e adorei os meus companheiros, que lutam no mundo espiritual por uma terra renovada, e dei graças a Deus por ter escutado o chamado. Sorria para Enoque, Sanita, Karina, Sadu, Lílian e Damian, enfim, para todos eles, quando Lourival deu entrada no palco, dizendo:
-Deus seja louvado, irmãos. Agradeçamos a Ele toda a proteção ao nosso trabalho e que novas responsabilidades nos chamem. Podemos pensar que, por mais que trabalhemos, não conseguiremos deter a droga, mas, antes de tudo, devemos dar graças por estarmos tentando detê-Ia. Fizemos uma longa e proveitosa viagem e não só constatamos que hoje o vício toma conta da sociedade, como nos defrontamos com todos os seus problemas. Conhecemos as cidades trevosas, as organizações, o mundo físico cooperando com elas; a criança sendo mal educada, a prostituição, a falta de amor. Defrontamo-nos também com a responsabilidade de cada espírito com o país onde nasce. Sabemos hoje que driblar a dor é buscar na mentira a arma para afastar-se dela, arma muito perigosa, pois ela se volta sempre contra o próprio dono. Na terra, o homem tenta driblar tudo, só não consegue driblar a consciência. Agradecemos a todas as equipes de trabalho e pedimos ao Senhor sucesso sempre, esperando que no retorno de vocês ao plano físico as condições já estejam melhores. Muita paz.
Terminada a palestra, caminhei até o pátio, onde muita gente cantava e tocava violão; era setembro, as flores perfumavam o meu caminho e continuei, devagar, recitando o Salmo LXX, vv. 15 a 18:
Minha boca anunciará a tua justiça e todo o dia publicará a tua Salvação. Visto que ainda não conheço toda a ciência. Ensinaste-me, oh Deus, desde a minha mocidade e eu anunciarei as tuas maravilhas agora e até a velhice e os cabelos brancos. Não me deixes até que eu anuncie o teu braço a todas as gerações, o teu poder e a tua justiça a todo aquele que há de vir.
É isso, amigo, aqui vou ficando, na certeza de que logo voltaremos a estar juntos e, queira o Senhor, com melhores notícias das que lhe transmiti neste pequeno livro, feito com a alma e o coração repletos. dos meus sonhos e das minhas vitórias.
Um abraço do irmão em Cristo,
Luiz Sérgio
Extraído do Livro: Driblando a dor. Espírito Luiz Sérgio
“A maior caridade que praticamos em relação à Doutrina Espírita é a sua divulgação.”
RUI BARBOSA
“De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto.”
Senado Federal. Rio de Janeiro, DF
FALANDO A TERRA
Ruy Barbosa*
Espírito
* RUY BARBOSA FOI A REENCARNAÇÃO DE JOSÉ BONIFÁCIO DE ANDRADE E SILVA
Nunca me honrei com aplausos e louros, que os não mereci, mas vigiei,quanto pude, na preparação de tua vitória, exercendo o ministério do direito a que te afeiçoaste, desde o sonho impreciso dos missionários expatriados que te marcaram as primeiras linhas de evolução, voltados para o esplendor da Igreja primitiva.
Incorporando-te à essência de meu sangue e de meu ideal, confiei-me – célula microscópica – à tua grandeza imperecível e tomei assento nas lides da palavra e da pena, nos tribunais e nas praças, na guerra sem quartel daqueles que não conhecem o conselho dos generais, nem o apoio das baionetas.
Por ti, suportei, orgulhoso, o peso de asfixiantes responsabilidades que me feriram os ombros e me iluminaram o coração, na evidência e na obscuridade, aprendendo e sofrendo contigo, na escola da igualdade, da tolerância e da justiça.
E agora, que a ciência mortífera grava transitória supremacia nos regimes, estimulando a política da força pelo triunfo numérico; que a perversidade da inteligência lança o descrédito nos fundamentos morais do mundo; que a crise do caráter emite vagas negras de perturbação e desordem; que a toga desce da majestade dos seus princípios, para dourar os instintos da barbárie nos tremendos conflitos internacionais que se agigantam no século; que a moral religiosa concorre ao pleito de dominação indébita, imergindo nas trevas da discórdia as consciências que lhe cabe dirigir; que a doutrina do sílex substitui os tratados nas guerras sem declaração; que os dogmas de todos os matizes se insinuam nas conquistas ideológicas da Humanidade, preconizando a mordaça e o obscurantismo – agora ponho meus olhos em teu vasto futuro…
Possa continuar ecoando em teus santuários e parlamentos, cidades e vilarejos, vales e montanhas, florestas e caminhos, a palavra imortal do Mestre da Galiléia!
Conserva a tua vocação de fraternidade, para que os mananciais da bênção divina jorrem luz e paz sobre a tua fronte dignificada pelo esforço cristão na concórdia e na atividade fecunda. Guarda o teu augusto patrimônio de liberdade a distância de todos os gigantes do terror, dos deuses da carniça e dos gênios da brutalidade, que tentam ressuscitar os fósseis da tirania.
Elege o trabalho por bússola do progresso e da ordem, porque de tuas arcas dadivosas manará novo alimento para o mundo irredimido. Templo de solidariedade humana, teu ministério de pacificação e redenção apenas começa… Novo hino será desferido por tua voz no coro das nações. Nem Atenas adornada de filósofos, nem Esparta pejada de guerreiros. Nem estátuas impassíveis, nem espadas contundentes. Nem Roma, nem Cartago. senhores, nem escravos.
Desdobrem-se, isto sim, em teu solo amoroso os ramos viridentes da Árvore ao Evangelho, a cuja sombra inviolável se mitigue a sede multimilenar do homem fatigado e deprimido! Desfralda o estrelado pavilhão que te assinala os destinos e não te quebrantes à frente dos espetáculos cruentos, em que os povos desprevenidos da atualidade erguem cenotáfios e ossuários a própria grandeza.
Descerra hospitaleiras portas aos ideais da bondade construtiva, do perdão edificante, do ilimitado bem, porque somos em ti a família venturosa do Cristianismo restaurado, e, por amor, se necessário, mil vezes nos confundiremos no pó abençoado e anônimo dos teus caminhos floridos de esperança, empunhando o código da justiça para o exercício varonil do direito, emergindo das sombras da morte – celeiro sublime da vida renascente.
Grande Brasil! Berço de triunfos esplêndidos, aberto à glorificação do Cristo, seja Ele a tua inspiração redentora, o teu apoio infalível, a trave-mestra de tua segurança; e, enaltecendo o messianismo do teu povo fraterno, em cujo seio generoso se extinguem todos os ódios de raça e se expungem todas as fronteiras do separatismo destruidor, que o Mestre encontre no âmago de teu coração o sagrado pouso das Boas-Novas de Salvação, descendo, enfim, da cruz de nossa impenitência multissecular para conviver com a Humanidade terrestre, para sempre.
Ruy Barbosa – Psicografia de Chico Xavier – Livro: Falando a Terra

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